terça-feira, 15 de junho de 2010

O BURACO

  1.


Ando pela rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Eu caio...

Estou perdido... Sem esperança.

Não é culpa minha.

Leva uma eternidade para encontrar a saída.

  2.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Mas finjo não vê-lo.

Caio nele de novo.

Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.

Mas não é culpa minha.

Ainda assim leva um tempão para sair.

  3.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Vejo que ele ali está.

Ainda assim caio... É um hábito.

Meus olhos se abrem.

Sei onde estou.

É minha culpa.

Saio imediatamente.

  4.

Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Dou a volta.

  5.

Ando por outra rua.

Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche (Ed. Talento/Palas Athena)

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